quarta-feira, 1 de maio de 2013

Festa do Divino Espírito Santo é celebrada em 23 municípios do Maranhão

Para celebrar o Divino Espírito Santo em Alcântara

Festa religiosa é celebrada em 23 municípios do Maranhão; os rituais da festa começaram ontem e prosseguem até o dia 19 em diversos municípios.
 
As celebrações ao Divino Espírito Santo, consideradas uma das festas religiosas mais tradicionais do Maranhão, a começaram ontem em São Luís e Alcântara e prosseguem até o dia 19, Dia de Pentecostes. Segundo a tradição, os festejos começam sempre 40 dias após a Sexta-Feira Santa. O ritual inicial é o buscamento do Mastro do Divino, que aconteceu ontem na Casa de Nagô (Rua Cândido Ribeiro). No domingo, dia 5, este mesmo ritual será realizado às 15h na Casa das Minas (Rua de São Pantaleão).
Já na quarta-feira (8), às 17h, será realizado o ritual de Levantamento do Mastro do Divino na cidade de Alcântara, onde acontece uma das festas mais conhecidas do Maranhão e, em São Luís, nas Casas de Nagô e Minas. Na quinta-feira, as celebrações prosseguem em Alcântara com a Missa da Coroação do Imperador na Igreja do Carmo, às 9h.
A realização integra o projeto Divino Maranhão 2013, promovido pela Secretaria de Cultura do Maranhão, o projeto apoia mais de 250 festas de 23 municípios do Maranhão. O Divino Maranhão traz na programação cortejos de caixeiras, espetáculos, exposições, oficinas temáticas de toques de caixas, confecção de comidas e doces típicos da festa, ladainhas, missas e encontros. São 19 dias de festa, com cortejos, procissão de caixeiras, exposição, ladainhas, missas e encontros são as principais atividades dos festejos em homenagem ao Divino.
A festa é considerada uma das maiores expressões de fé popular no Maranhão. Tem perpassado os limites do tempo e vem sendo realizado no Maranhão desde o período colonial. Apesar da simplicidade de quem realiza os festejos os grupos sempre apresentam desfiles de luxo que remete à época áurea do império.
“A festa do Maranhão é muito mais rica, pelos altares, que são cheio de detalhes e ainda mais pela relação que existe entre a festa católica e a festa das religiões de matriz africana, que festejam juntas”, afirmou Sebastião Cardoso, diretor do Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho.

História - No Maranhão, são quase 200 grupos que festejam o Divino. A festa acontece em 23 municípios. Cidades como São Luís, Alcântara, Anajatuba, Bequimão, Cajari, Caxias, Cedral, Codó, Humberto de Campos, Icatu, Itapecuru-Mirim, Matinha, Mirinzal, Paço do Lumiar, Palmeirândia, Penalva, Pinheiro, São Bento, Santa Helena, São José de Ribamar, Rosário e Viana são exemplos de municípios que recebem o incentivo do governo estadual. “O Governo do Estado está apoiando as festividades, pela Lei de Incentivo à Cultura. São mais de 200 grupos em nossos cadastros e todos foram beneficiados. Além do apoio do Governo do Estado, instituições como a Companhia Energética do Maranhão e o Grupo Mateus também estão apoiado”, explicou Cardoso.
Em São Luís, a festa acontece em muitas casas de religião de matriz africana, no mês de maio a exemplo das casas das Minas e de Nagô, bem como na cidade de Alcântara, distante a 1h15 de São Luís, pela Baía de São Marcos. Nas demais cidades do interior do estado e algumas casas de culto afro da capital maranhense, a festa acontece no decorrer do ano, de acordo com a escolha da data do festeiro, ou por uma promessa a um santo ou por ocasião do aniversário de nascimento do festeiro.
Segundo os registros, a manifestação maranhense tem suas origens com o povoamento de imigrantes açorianos entre 1620 e 1621. A função de povoamento definitivo no Maranhão também é semelhante à ocupação das Ilhas dos Açores, por volta de 1494. Como fica distante de Portugal, era habitado por famílias de pequenas posses, que levaram a tradição da festa para as ilhas. Os primeiros registros da celebração do Divino Espírito Santo são de 1280 e 1310 em Portugal, na localidade de Alénquer. Por iniciativa da rainha Isabel, o culto tinha características de solidariedade e devoção em uma localidade arrasada pelas doenças e pela fome, cenário comum no período medieval. Os festejos tinham como objetivo arrecadar comidas e roupas aos mais carentes, princípio que ainda é preservado nos dias de hoje.
No Maranhão, existem cerca de 200 grupos que realizam os festejos do divino. Uma das fortes referências é na Baixada Maranhense. Entretanto, os festejos no município de Alcântara são os que mais se assemelham aos que acontecem na Ilha Terceira no Arquipélago açoriano. Uma das características mais marcantes da manifestação aqui no Maranhão é o sincretismo religioso. A maioria dos festejos é realizada por casas de culto afro e também têm forte ligação com a devoção católica.

Serviço


• O quê
Programação do Divino Espírito Santo
• Quando
Até o dia 19 de maio
• Onde
23 municípios maranhenses

Estrutura da festa


Irmandade — Constitui o núcleo organizacional do culto. É composta por irmãos, voluntariamente inscritos e consensualmente aceitos, todos eles iguais em direitos e deveres. As irmandades têm um compromisso, mas em geral regem-se por regras consensuais, não escritas.

Império — Originalmente, a Festa do Divino constituía-se do estabelecimento do Império do Divino, com palanques e coretos, onde se armava o assento do Imperador, uma criança ou adulto escolhido para presidir a festa. O Império assim é um local onde se celebra a festividade.

Mordomo — Para cada celebração, é escolhido um responsável que recebe a designação de mordomo. Ao mordomo, cabe coordenar a recolha de fundos para a festa e coordenar a sua realização, sendo para tal efeito considerado a autoridade suprema da festividade.

Bandeira — A bandeira é confeccionada em pano vermelho vivo, normalmente de dupla face, de forma quadrangular, sobre o centro é bordada em relevo uma pomba branca da qual irradiam para baixo raios de luz.

Mastro- Tronco de árvore cortado e enfeitado com flores, fitas, frutas e galhos de mato, tendo na ponta a bandeira do Divino.

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